A Importância do Rigor no Procedimento de Moldagem e Cura de Corpos de Prova de Concreto

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Introdução

Você já parou para pensar que um pequeno cilindro de concreto pode ser o responsável pela segurança de uma torre de telecomunicações de mais de 100 metros de altura?

Essa é a realidade dos corpos de prova de concreto, elementos fundamentais no controle de qualidade das estruturas de concreto em obras de engenharia.

A moldagem de corpos de prova não é apenas um procedimento técnico rotineiro, mas sim um processo crítico que determina a confiabilidade das informações sobre a resistência do concreto utilizado em obra. Cada etapa desse processo exige precisão e rigor, pois qualquer desvio pode comprometer os resultados dos ensaios laboratoriais e, consequentemente, a segurança da estrutura.

Neste artigo, abordaremos a importância de seguir rigorosamente os procedimentos normativos para a moldagem e cura de corpos de prova, destacando as consequências práticas de falhas nesse processo e como evitá-las.

A Base Normativa: ABNT NBR 5738:2015

A norma ABNT NBR 5738:2015 estabelece os procedimentos para moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos e prismáticos de concreto. Ela define critérios específicos para cada etapa do processo, desde a coleta da amostra até o transporte dos corpos de prova para o laboratório.

Mas por que seguir tão rigorosamente uma norma técnica? A resposta é simples: porque cada detalhe importa. Um corpo de prova moldado incorretamente pode apresentar resultados que não representam a realidade do concreto aplicado na estrutura, levando a decisões equivocadas que podem comprometer a segurança e durabilidade da obra.

O Passo a Passo do Procedimento

Coleta da Amostra

A primeira etapa do processo é a coleta da amostra de concreto, que deve ser representativa do lote. Isso significa que a amostra deve ser coletada de diferentes pontos do caminhão betoneira, evitando as primeiras e as últimas porções do concreto descarregado.

Moldagem dos Corpos de Prova

A moldagem deve seguir um procedimento rigoroso, com número específico de camadas e golpes de adensamento, dependendo do tipo de corpo de prova e do método de adensamento utilizado.

Para corpos de prova cilíndricos de 10x20cm, por exemplo, a norma estabelece:

  • Preenchimento em duas camadas de igual altura
  • 12 golpes por camada, no caso de adensamento manual
  • Distribuição uniforme dos golpes em toda a seção transversal

Acabamento da Superfície

Após a moldagem, é necessário realizar o acabamento da superfície do corpo de prova, garantindo que fique plana e nivelada. Esse procedimento parece simples, mas é crucial para a distribuição uniforme das tensões durante o ensaio de compressão.

Identificação dos Corpos de Prova

Cada corpo de prova deve ser devidamente identificado, com informações como data de moldagem, elemento estrutural correspondente e idade prevista para o ensaio. Essa identificação garante a rastreabilidade das amostras e evita trocas que possam comprometer a análise dos resultados.

Desmoldagem

A desmoldagem deve ser realizada com cuidado, evitando impactos ou danos aos corpos de prova. A norma estabelece que a desmoldagem deve ocorrer entre 24h e 48h após a moldagem, dependendo das condições ambientais e do tipo de cimento utilizado.

Cura dos Corpos de Prova

A cura é o processo de manutenção das condições adequadas de temperatura e umidade para o desenvolvimento da resistência do concreto. Os corpos de prova devem ser curados em câmara úmida ou tanque de imersão, com temperatura controlada entre 23°C ± 2°C.

Transporte dos Corpos de Prova

O transporte dos corpos de prova até o laboratório deve ser realizado com cuidado, evitando impactos, vibrações excessivas e variações bruscas de temperatura.

Consequências da Falta de Rigor

A falta de rigor em qualquer das etapas descritas pode resultar em:

  • Dados imprecisos sobre a resistência do concreto, levando a decisões equivocadas sobre a liberação de cargas na estrutura ou necessidade de reforço.
  • Necessidade de ensaios adicionais, como extração de testemunhos, esclerometria ou ultrassom, gerando custos não previstos.
  • Atrasos no cronograma da obra, devido à necessidade de aguardar resultados de ensaios complementares ou realizar intervenções corretivas.
  • Desperdício financeiro, tanto pelos custos diretos dos ensaios adicionais quanto pelos indiretos, relacionados a atrasos e retrabalhos.
  • Comprometimento da segurança estrutural, em casos extremos onde falhas nos ensaios levam à aceitação de concreto com resistência inadequada.

Boas Práticas para Garantir a Confiabilidade dos Resultados

Para garantir que os corpos de prova representem fielmente as características do concreto aplicado na estrutura, recomenda-se:

Capacitação da equipe

Todos os envolvidos na moldagem e cura de corpos de prova devem ser treinados e conhecer a norma ABNT NBR 5738:2015.

Utilização de equipamentos adequados

Moldes em bom estado, hastes de adensamento com dimensões corretas e equipamentos de cura com controle de temperatura e umidade.

Checklist de verificação

Implementar um checklist para cada etapa do processo, garantindo que nenhum detalhe seja esquecido.

Supervisão técnica

Contar com supervisão de profissional experiente, especialmente em concretagens críticas.

Documentação detalhada

Registrar todas as informações relevantes, como horário de moldagem, condições ambientais e eventuais ocorrências durante o processo.

Conclusão

O rigor no procedimento de moldagem e cura de corpos de prova de concreto não é apenas uma exigência normativa, mas uma necessidade prática para garantir a segurança e durabilidade das estruturas. Cada etapa do processo tem sua importância e deve ser executada com atenção aos detalhes.

Em obras de torres para telecomunicações, onde a segurança estrutural é crítica e os custos de intervenções corretivas são elevados, investir em procedimentos rigorosos de controle tecnológico do concreto não é despesa, mas sim investimento em segurança e economia a longo prazo.

Seguir as normas e adotar boas práticas não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade para garantir eficiência, segurança estrutural e otimização de recursos na construção civil. Afinal, a qualidade de uma estrutura de concreto começa muito antes da concretagem – começa no rigor com que controlamos e avaliamos suas propriedades.

Referências

  • ABNT NBR 5738:2015 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova
  • ABNT NBR 5739:2018 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos
  • J&M Controle Tecnológico de Obras – “A Importância da Moldagem e Rompimento de Corpos de Prova”

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